domingo, abril 15, 2012




Há dias disseram-me baixinho, num tom que jamais esquecerei... "Quem me dera...!". Não perguntei o quê, porque sei. Também a mim o desejo é idêntico, incontrolável. Sim, quem me dera. Quem me dera poder dizer "não posso", quem me dera poder respirar de alivio, quem me dera ter umas asas tatuadas nas costas e sentir-me um anjo terreno, quem me dera ver o mar todos os dias, quem me dera o teu beijo todas as manhãs, quem me dera o canto dos pássaros, quem me dera o sol posto todas as tardes, sim, quem me dera ser o que sonhei, e não o que me fizeram ser. Quem me dera partir para longe e reunir-me com aquilo que separei, longe, bem longe, onde o sol nascente é tão mágico como o poente, onde a noite é tão quente como o dia, onde a paisagem é virgem. Quem me dera estar onde não estou, ser o que não sou, e amar o que nunca amei!

Foto: Lousã
Data: 15 de Abril de 2012
Quem: Mais uma vez, eu, Janete Marques Gameiro