sábado, janeiro 26, 2013

E se um dia...
E se um dia tudo fosse um faz de conta? A manhã fosse prendada com um luar e a noite com o brilho do sol… Sim, e se um dia fosse um faz de conta? Faz de conta que sou uma princesa e tu um príncipe, ou eu uma borboleta e tu um nariz? Faz de conta que és perfeito e eu como tu queres que seja, sim faz de conta que tudo é um arco iris. E se um dia tu e eu fossemos um só, apenas eu e tu, tu e eu, nós e nada mais neste mundo de faz de conta. Eu e uma parede branca, tu numa porta azul, a olharmo-nos simplesmente, a sorrir, a fazer caretas. Teria na mão a máquina que eterniza os momentos e com ela eternizava as tuas feições, os teus sentidos, o teu cheiro, a tua suavidade, o teu amor… sim, era uma máquina que também faz de conta. E se um dia esse faz de conta de prolongasse para o dia seguinte. Uma segunda parte da primeira. Faz de conta que eras um anjo e eu uma sereia, solitária que todas as noites, aquelas que eram prendadas pelo sol, era visitada pelas tuas asas, pelo teu sussurro, pelo teu desabafo. Ouvias a minha cauda a chapinhar na água, adoravas as gotas que por vezes te chovavam nas asas. Ri-as da frescura das mesmas, pequenos sorrisos que partilhavas contigo. Faz de conta que eu era a tua musa, a que te protegia do sol e te preparava para a lua. Dava-te ânimo, fazia-te feliz, simplesmente. Agora faz de conta o contrário. Tu, um rapaz de aparência rude, com uma gaiola na mão, onde eu estou com as minhas penas brancas e brilhantes. Todas as manhãs, aquelas que são banhadas pela lua, gostas de me ouvir cantar, contemplas-me com paixão e em cada nota suspiras pela próxima. Amas ouvir-me. Um dia, e faz de conta, que abres a gaiola porque te fartaste de me ouvir ou simplesmente porque me premeias com um voo livre. Sim, faz de conta que a gaiola se abre e não mais ouves o meu canto ou contemplas a minha melodia… Sim, faz de conta… ou, afinal, não. Onde: Paris, 2012 Quando: Hoje, dia 26 do primeiro de 2013 Quem: Alguém como eu