O som das ruas

Ouve... vê e ouve, o que este mundo de silêncio tem para te dizer. Não te baralhes, não lhe fujas, apenas pára e ouve o que o vento te diz, o que eu te sussuro. Escuta o que a calma te transmite, sente a brisa a entranhar-te no teu "eu", desliza no calor do teu corpo, como mão perdida em prazer. Deixa-te, abandona-te, fâ-lo esperar, mostra-lhe que também és primeiro, não escondas o rio que em ti corre, nem a força que este descontrola. Mostra-te sem pudor, como se da primeira vez se tratasse, junta o prazer à vontade de amar e dá-te a quem tens que te mostrar. Não tenhas medo de galgar margens, de transformar paisagens e de dar forma a novos montes, realiza o teu poder...
Faz das ruas um caminho e não um labirinto, pinta este retrato na tua memória para que nele nunca mais te percas.
Eu... estarei no cimo deste castelo, à tua espera, nas muralhas deste castelo.

Janete Marques Gameiro
Belver, 04 de Junho, 2011