sexta-feira, novembro 26, 2010



Navegar

Em quantas margens já atracou? Em quantas aventuras já se meteu? Quantas pescarias já efectuou? Nem ele próprio sabe... é um mero barco, feito de madeira rude. Mil histórias tem para contar, se tal fosse possível. É mais que um livro aberto, é mais que uma memória de pescador lúcido.
Quando se lembram, as mãos que outrora o limpara, agarram-se a ele como se o amanhã ão houvesse e desaparecem para outras margens... outras águas... Disseram-me que as mãos atribuém à corrente as culpas das fugas... eu atribuo à vontade de partir para outras pescarias... mas eu... eu sou apenas uma margem onde às vezes descansa...


ConstÂncia, Abrantes
26 Novembro de 2010

Janete Marques Gameiro