domingo, abril 15, 2012




Há dias disseram-me baixinho, num tom que jamais esquecerei... "Quem me dera...!". Não perguntei o quê, porque sei. Também a mim o desejo é idêntico, incontrolável. Sim, quem me dera. Quem me dera poder dizer "não posso", quem me dera poder respirar de alivio, quem me dera ter umas asas tatuadas nas costas e sentir-me um anjo terreno, quem me dera ver o mar todos os dias, quem me dera o teu beijo todas as manhãs, quem me dera o canto dos pássaros, quem me dera o sol posto todas as tardes, sim, quem me dera ser o que sonhei, e não o que me fizeram ser. Quem me dera partir para longe e reunir-me com aquilo que separei, longe, bem longe, onde o sol nascente é tão mágico como o poente, onde a noite é tão quente como o dia, onde a paisagem é virgem. Quem me dera estar onde não estou, ser o que não sou, e amar o que nunca amei!

Foto: Lousã
Data: 15 de Abril de 2012
Quem: Mais uma vez, eu, Janete Marques Gameiro

sexta-feira, abril 13, 2012



Há dias assim... como os lugares! Um baralho de ramos,secos, sem verde, sujeitos ao vento frio de um Inverno tardio. Dias em que a Primavera é uma utopia e lá fora apenas umas flores resistentes ao vento, lembram a data em que a brisa sopra. A chuva é uma ameaça, o frio uma realidade, o vento um empecilho, apenas entre ramos um velho candeeiro mostra que a luz ainda se acende, mesmo de noite, com o frio a agravar, com a chuva a aparecer, de gotas finas como agulhas que espetam e dói. Há luz, há sempre uma luz, mesmo quando a escuridão é paisagem há sempre a lua que nos ilumina com o seu brilho.
Os ramos estão secos, porque é o Inverno da Primavera, mas a luz, sim esta e todas as outras que iluminam vidas, nunca se negam a acender para mostrar que mesmo entre ramos secos, mesmo entre nuvens escuras, mesmo entre cinzentos, há sempre um brilho à nossa espera... só temos que saber onde está o botão do candeeiro.

Foto: Marly le Roy, França
Quando: 13 de Abril de 2012
Quem: Eu, no fundo sou só eu, Janete Marques Gameiro