quarta-feira, dezembro 28, 2011



Pode não parecer, mas esta sou eu ao som de uma vela. Sou eu, como estou, como me transformei, isto é o que me dás, momentos à luz pura.
Estou só, neste meu mundo. Estou como escolhi estar e como me obrigaste a fazê-lo. Escrevo para me libertar, é assim que o gosto de fazer, palavrear, num muro escuro, onde apenas lê quem sabe o que ler. Tu não.
Hoje até foi um bom dia, que assim terminou à luz de uma vela, abandonada num canto qualquer, mas que esta noite é a minha mais preciosa e melhor companhia. Apagou-se há momentos, mas já arde de novo, como se fosse a primeira vez e como se entendesse o que preciso. Ela sim, sabe o que preciso e não ne falha. Tu não.
É assim que quero, que nunca me falte a luz, a minha luz, algo que me dê luz. É assim que estou, mas apenas esta vela é a minha luz, porque a que de dentro de mim deveria surgir está hoje apagada.
Não sei onde estou, nem para onde vou. Mal sei quem sou, nem o que serei. Apenas uma certeza vive em mim, o calor desta luz, que hoje e outros dias não hesita em fazer-me companhia.
Não percebes, eu também não...

À luz da vela (Casal da Mouca, Pombal)
Janete M. Gameiro

29 de Dezembro de 2011